O ator dá vida ao justiceiro e conquistador Eduardo, protagonista da novela ‘Corações Feridos’ , do SBT.
Foto: Alexandre Guedes/ Especial Agência Estado |
Lucas Pasin
Com dez anos de carreira, Flávio Tolezani vive sua primeira experiência como protagonista na televisão. Na novela 'Corações Feridos', do SBT, o ator interpreta Eduardo, um “bonitão conquistador” que aparece na trama para descobrir o mistério da morte do irmão Rodrigo, personagem de Paulo Zulu. Acostumado a viver papéis de galã na televisão, Flávio não se vê como tal e acha que apenas vestiu a imagem que a TV criou.
O ator esperou ansioso para ver o resultado do seu personagem em vídeo. ‘Corações Feridos’, com texto de Irís Abravanel e inspirada no folhetim mexicano ‘La Mentira’, teve sua estreia - inicialmente marcada para novembro de 2010 - adiada e ficou na gaveta por mais de 1 ano, até o começo deste ano. Apesar da expectativa, Flávio considera que este tempo deu uma esfriada no personagem e que ao se ver hoje em cena já não se reconhece mais.
Acostumado ao trabalho no teatro, Flávio já fez outras participações na televisão. Em ‘A Favorita’ (2008), da Globo, o ator interpretou Marcelo Fontini, assassinado após disputar o amor de Donatela e Flora, papeis de Claudia Raia e Patrícia Pillar. Novamente como galã, Flávio também atuou em ‘Divã’ no papel de Luca, um rapaz que balançou os corações de Mercedes (Lília Cabral) e Tânia (Totia Meirelles).
Em sua participação no programa ‘Por Toda a Minha Vida’ (2009), Flávio teve a chance de interpretar um ídolo. No especial sobre Cazuza, o ator viveu Ney Matogrosso, personagem que considerou um dos grandes desafios da carreira.
Flávio conta que aprendeu bastante com seus galãs na televisão, mas que ainda se sente mais confortável nos palcos do teatro:
Você começou sua carreira no teatro e está vivendo seu primeiro protagonista na TV. Como você encara esse desafio?
É bem diferente do teatro. Tenho 13 espetáculos na carreira e me sinto mais confortável nos palcos. É mais a minha casa. Nunca abri mão de espetáculos por causa da televisão. Até a novela eu consegui conciliar com uma temporada nos palcos. A TV ainda me gera, em alguns momentos, uma insegurança ou desconforto de assistir uma cena e pensar que poderia ter feito melhor. Isso é normal. Não temos muito tempo de preparo do personagem e da cena.
Como foi a experiência de viver o primeiro protagonista?
É mais um trabalho, como qualquer outro. A diferença é que você grava todos os dias (risos). A intensidade do trabalho é o diferencial. A sua responsabilidade com a novela é muito grande. Gera um cansaço, mas ao mesmo tempo te faz entrar totalmente naquele trabalho e isso me agrada muito. Esse personagem e a novela foram o maior aprendizado na minha carreira na televisão. O trabalho com o elenco foi incrível e muito harmonioso.
A novela teve sua estreia adiada por mais de 1 ano. Rolou aquela ansiedade para ver o trabalho em vídeo?
Rolou uma expectativa grande. O elenco todo ficou sabendo desse adiamento um pouco antes da data inicial de estreia. Acho que uns dez ou quinze dias antes. Eu tinha muita vontade de ver meu trabalho no vídeo, não só por uma curiosidade, mas para se auto-criticar e saber o que mudar. Agora que chegou perto da estreia eu senti que deu uma esfriada natural né? Eu me vejo hoje em cena e não me reconheço. Já sou outro!
Chegou a assistir a versão mexicana para construir seu personagem?
Nada. Eu não quis assistir. Achei que não deveria me influenciar por ele. A novela mexicana era de outro período, muito distante e eu não quis me influenciar por aquele personagem.
Eduardo é um justiceiro. O que você acha dessa busca dele por vingar o irmão?
Eu acho que é natural quando a gente tem um baque muito forte, como é o caso dele, que perdeu o único familiar. Ele perdeu o controle do que é politicamente correto. Acho que é normal ser levado a isso, mas considero que o Eduardo vai um pouco além do limite. Mas isso em uma novela pode! Na minha vida eu não iria tão longe, mas na trama cabe muito bem. Não é exagerado. Na rua eu escuto as pessoas que apoiam e outras que criticam. Tem os dois lados!
A trama já deixa bem claro quem é vilão e quem é mocinho?
Acho que esse ponto é bem claro sim. O personagem menos claro é o Eduardo, porque ele tem os dois lados. É um mocinho enganado e ludibriado e por isso é levado pela vilã a cometer atos ruins. Ele é o mais humano. Não tem muito erro pro público não, mas é claro que surpresas podem acontecer. (risos)
Como você vê o papel social das novelas? No caso de 'Corações Feridos' ela trata de drogas, alcoolismo...
É muito importante esses temas sociais em novelas quando são bem discutidos e bem tratados. Na novela eu considero que é muito bem tratado. Não gosto quando vira uma jogada de marketing. Tem que ser mesmo uma causa social. Tem um núcleo em 'Corações Feridos' voltado pra isso.
Luca, em ‘Divã’, Marcelo Fontini, em ‘A Favorita’ e agora Eduardo; como você vê esse lance de ser chamado para papeis de galã?
As pessoas estão erradas né? (risos) Eu não me considero um galã, mas vejo que na TV, diferente do teatro, o que importa bastante é o perfil do ator. Me vestem de um jeito e eu tenho que abraçar isso. Visto a imagem de galã que a TV criou, mas não me considero um. Isso é levado para a cabeça do telespectador. O que tem de comentário na rua de ‘Tá bonitão lá hoje hein!’
Como foi gravar uma cena tão forte em 'A Favorita'?
Essa foi minha primeira participação na TV. Fui chamado muito em cima da hora porque era uma coisa secreta. Era uma responsabilidade enorme fazer esse papel em um horário nobre e com um personagem que, por mais que tenha aparecido pouco, era toda hora falado. Trabalhar com a Claudia Raia e a Patrícia Pillar foi demais. A Claudia teve um cuidado enorme comigo, porque percebeu que não era o meu meio. O resultado foi um jogo bacana entre nós!
E viver Ney Matogrosso, em ‘Por Toda a Minha Vida’?
Muito receio! O Ney é um grande ídolo pra mim. Quando recebi o convite a primeira coisa que eu pensei foi que eu não tinha condições de viver “aquilo”. Foi o trabalho que eu fiz com mais insegurança e foi um dos grandes desafios da minha carreira. Morri de medo de não fazer jus ao ídolo e acho que não fiz não (risos).
Já em ‘Divã’ o galã Luca teve relacionamento com mulheres mais velhas. Como você vê esse personagem? Isso já rolou também na sua vida?
O Luca era meio que “disputado” por duas mulheres mais velhas. Ele saiu com as duas e eu acho isso normal. Nunca tive relacionamentos com mais velhas, inclusive minha esposa é mais nova, mas não vejo problema algum. Só não é o meu caso.
Há algum novo projeto em vista para a televisão?
Para a televisão não. Tenho projeto para teatro. Vou estreiar um novo espetáculo em junho, em São Paulo. A peça chama Pyroman, um texto irlandês. É um projeto que está um tempo na agulha já para acontecer. Tenho bastante vontade de trabalhar com cinema também. O que não aconteceu até hoje foi eu ter um tempo com o teatro para poder me dedicar à outros trabalhos.
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